Tuesday, February 28, 2006

Titãs

Chove torrencialmente enquanto eu, deitado no sofá da minha avó dos anos 50, tento olhar para fora atravéz de uma janela com o vidro fosco, graças ao desgaste do tempo. Tranquilamente, entre as núvens carregadas de desgosto, a lua sorri na minha cara. Naquele momento eu era o único neste mundo, longe do tempo, longe dos pensamentos alheios,a minha única preocupação era o meu amor que, algures, passava o “tempo”, sem mim. Eramos os únicos que existiamos, naquele momento.

Pela noite adentro, os meus olhos se tornavam num imenso campo de batalha para os mais grandiosos dos titãs.

João Pestana semeava carinhosa e enganosamente, nos cantos dos meus olhos, uma areia tão sedutora e fina como pó-de-talco, alegremente ele coloca pesos, gradualmente, nas minhas longas e frágeis pestanas que, calorosamente, aceitam o convite traiçoeiro do mago. Alertado, o Amor acorda do seu profundo sono. Enfurecido, quebra as grades da jaula que o aprisiona e vem para tornar-se dono do território neutro. Bruto, como a sua natureza, o gigante escarra no olho do mago e atira-o ao chão, impiedosamente. Em seguida, reúne todas as suas froças e, poderoso como Atlas, ergue as minhas pálpebras. Sinto a dor no coração e fico cego, cego pelo Amor.

Está tudo longe. Devagar, tento imaginar o que faz o meu ente desejado, o que faz o meu outro? Imagino-a de pijama, deitada na cama, a ler um livro ou um jornal ou uma revista. Lendo os clássicos talvez, as novidades ou talvez a nova moda: que saia comprar, que vestido levar no sábado, que tom de batom fica-lhe melhor.

Não sei.
Vou pensar que esteja a pensar em mim.

Não vejo o tempo passar,
não oiço o telefone tocar,
não sinto meu coração queimar.

Heh...

Tarde como sempre, vem a Razão ao resgate e, com um mero sopro de lógica, desfaz os feitiços emanados em mim, desfaz a magia, leva ao chão os pesos suavez e leva, para longe o Amor e o mago João sem lhes dar alguma hipótese.

(Mas o meu coração já esta demasiado ferido, dorido, já sofreu queimaduras irreversíveis. Um dia ele há de sarar, mas, tal como negativo, depois de violado, nunca mais será o mesmo.)

A chuva ja parou. Parece que a lua escondeu-se nas núvens de vez. O tal vidro velho está coberto por gotas e embaçado pela minha respiração...

Foi tudo um mero sonho?


by Princesa Sisi
(Nota: João Pestana é o person. que tráz o sono; equiv. ao Sandman; uma derivação de Morfeu)

7 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Fico imaginando o q infernos um psicólogo e um engenheiro, juntos, poderiam deduzir de seus textos, Carlo-boy. Algo entre qual o objetivo da humanidade no mundo até que eles estão loucos. Mas só se eles pensassem bem a fundo nisso.
Agora, se um pastor e um rabino lessem isso, a culpa ia cair direto no RPG...

4:03 PM  
Anonymous Anonymous said...

bom texto, porem não é meu ideal de leitura perfeita...
adjetivada demais... chega a cansar a vista... oO
gosto é cada um com o seu, né!?
;*

11:13 PM  
Anonymous Anonymous said...

Já eu aprecio muito, tanto o estilo quanto a sensibilidade.

12:27 PM  
Anonymous Anonymous said...

Esse tipo de pensamentos q acaba de vez com a tranquilidade de alguém. Por isso, quem não corre atrás da pessoa amada a tempo costuma sofrer mto durante esse tempo. E não há João Pestana, Sandman, Morfeu q resolva isso XD


Abraços, cara

6:42 PM  
Anonymous Anonymous said...

Só digo uma cena... Muito Bóôm!! Gostei pá, tantas vezes dou por mim a pensar no que estara a fazer aquela rapariga. Por enquanto penso como chegar a ela...
fica bem rapaz[] quejo

7:07 PM  
Blogger Princesa Sisi said...

LOL

10:45 PM  
Anonymous Anonymous said...

Very cool design! Useful information. Go on! oldsmobile

1:49 PM  

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