Friday, November 26, 2010

All is blurry...

ha uns dias fui ao teatro.

decidi fazer uma experiencia. Assistir ao espetáculo sem óculos. Eu semrpe tive muito medo de tirar os óculos...

nunca pensei que pudesse ser uma experiencia tao legal. as formas dancavam no escuro, flutuavam, apareciam e sumaim do e para o nada, se atravessavam como se para eles nao existissem sólidos, eram seres luminosos.

As cores que transitavam entre o quente e o frio, que se compunham e mesclavam, criando novas cromaticas que eu nao lembro terem existido antes.

A imaginacao tomou conta de mim, viajei para longe, onde os limites sao quase que inexistentes, nao procurei dar um sentido aquilo que via... estava apenas... sentindo.

Me senti como uma crianca...

No dia seguinte ganhei novamente coragem para tirar os oculos e saí para dar uma volta a pé.
O dia estava lindo o céu de um azul que nao conhecia, o verde da grama parecia musgo de tao cintilante que estava. Passava pelas arvores e via formas e possibilidades que nao me lembro de ter enxergado antes.

Me senti muito sensível.

Hoje apresentei um trabalho em grupo para a matéria desenho 3. Tinhamos que usar o papel nao como suporte mas como o material, o foco do trabalho. O nosso lugar: o subsolo do minhocao aonde passam os carros brancos que carregam coisas desconhecidas. Era um lugar sujo, mal cheiroso, feio, monumental.

Experimentamos muito, dobramos, amassamos, colamos, rasgamos, molhamos o papel, mas nao conseguiamos fazer nada que desse conta do lugar. Estavamos sendo, aos poucos, engolidos por ele.

Sofremos muito. No final fizemos uma coisa sutil. passamos uma fita durex nos vãos pelos quais entrava a luz de fora para iluminar o tunel escuro e colamos varias folhas de papel umas sobrepondo as outras em posicoes diferentes, criando uma linha que atravessa o lugar.

Nao gostei muito do trabalho, mas tinhamos que apresentar algo.

Quando fomos mostrar para os nossos colegas e professor, vendo a intervencao de longe, decidi mais uma vez retirar os meus óculos...

Os sentidos se afloraram mais uma vez, a obra se transformou em luz... luz sobre luz em meio ao escuro... ficou muito bonito.

Eu sinto que me tornei uma pessoa muito séria... deixei de conseguir enxergar as coisas para além da sua matéria. . . talvez eu esteja fazendo isso com as pessoas também. Mas isso creio que seja um reflexo de mim mesmo, que eu só me vejo por fora e sou incapaz de me ver interiormente...

confesso que a vontade de chorar está presente, mas as lagrimas nao veem.

me pergunto: do que é que estou fugindo?
e me respondo depois de um bom tempo: de mim mesmo, do medo.

2 Comments:

Blogger amarela said...

ceguinho,
um beijinho pra vc!
hehe.

1:25 AM  
Anonymous Anonymous said...

Vim parar a este blog por acidente, mas gostei tanto do post que tive de comentar. Às vezes só olhando as coisas de outra perspectiva é que conseguimos perder o medo (e descobrir todas as cores e luminosidade de cada situação) mas ter medo também é natural, significa que temos algo que não queremos perder.
Espero que passados estes anos se encontre numa fase da vida em que já não tenha de fugir mais e que tenha encontrado ânimo para ver todos os lados de cada coisa.
Vou continuar a passear pelo blog, que promete.

Mia

4:39 PM  

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